Gears of War – SLAB: A Prisão (Karen Traviss)
Quando comento sobre o assunto, meus amigos costumam me taxar como ‘maluco’ pelo fato de eu me interessar pela leitura de uma série que é baseada em um jogo de game, sem nunca ter tido contato com os jogos da franquia. É claro, para quem não possui o hábito da leitura, sempre será difícil compreender o porque de lermos qualquer coisa. Mas a verdade é que uma boa literatura não precisa de um gráfico de última geração para atingir o seu propósito de entretenimento. Basta um enredo bem escrito com uma fonte legível, para que a mente complexa de um leitor complete as lacunas vazias com a sua imaginação.
Foi bem assim quando eu só conheci a premiada saga Gears of War pelo primeiro livro Gears of War – Fim da Coalizão. É inegável que inicialmente fui atraído pelo tema militar, capa imponente e sinopse empolgante da obra, mas logo nos primeiros capítulos me flagrei envolvido em um enredo de ficção científica moderna, digno de qualquer filme de ação de Hollywood. Era questão de tempo até eu mergulhar na continuação Gears of War – SLAB: A Prisão (Única Editora, 446 páginas), também escrito pela autora inglesa Karen Traviss. Uma especialista nesse tipo de conteúdo, que até já escreveu best-sellers da série Halo e Star Wars. Provando mais uma vez que a saga Gears of War merece estar no topo da lista de livros baseados em games que valem a pena serem ‘zerados’.

É claro que todos os elementos bélicos, militares e a guerra eminente que consagraram essa grande saga, ainda são elementos constantes e presentes nesta história. Mas com o foco voltado na tentativa de fuga de Marcus da prisão, a autora conseguiu explorar brilhantemente uma vertente tão interessante quanto o argumento recorrente da série. Afinal, o que pode ter mais concentração de testosterona por metro quadrado do que uma batalha campal com homens se matando? Uma cadeia fechada cheia de homens se matando, é óbvio. O sucesso da antiga série OZ da HBO está aí para provar isso.
Sei que não posso falar por todos, mas este tipo de cenário é algo que sempre me agradou, e acho que a fusão da ambientação ‘estilo Prision Break’ caiu sob medida para o mundo decadente de Gears of War.
A narrativa da autora é marcada pela incrível capacidade de retratar o psicológico dos personagens e transmitir sua perspectiva de uma forma corajosa. Não considero uma tarefa fácil criar tanta profundidade para uma história inicialmente criada para funcionar como arco de um game, e Traviss já provou que é capaz de fazer isso com maestria, além de conhecer como ninguém como funciona a linha de interesse do seu público.
Ainda não foi o suficiente para eu correr para o vídeo game devido ao meu envolvimento com o livro, até porque, prefiro gastar o meu tempo lendo do que jogando. Mas não deixa de ser uma excelente leitura entorno de um tema pouco abordado no mercado nacional.