Livros que previram o futuro com uma precisão assustadora
O falecido Tom Clancy ficou conhecido por sua incrível capacidade de prever com precisão acontecimentos futuros com os seus livros de ficção. Seu romance “Dívida de Honra” de 1994, descreve curiosamente um ataque em 11 de setembro, assim como seu livro “Vivo ou Morto” de 2010 que descreve a captura de Bin Laden como um inimigo público.
Apesar de notável, essas aparentes premonições não são tão incomuns quanto se pensa. Escritores de ficção científica vem prevendo o futuro há séculos. Jules Verne descreveu naves espaciais e submarinos antes mesmo que estes veículos existissem. Apesar de não mergulhar nas profundezas do oceano dentro de “um objeto longo, fusiforme, às vezes fosforescente, e infinitamente maior e mais rápido que uma baleia”, sua previsão, enquanto distorcida, tornou-se realidade.
Isso nos leva a clássica pergunta do ‘ovo e da galinha’: Escritores simplesmente percebem o sentido que um fenômeno cultural está tomando, ou são suas idéias que inspiraram a mudança cultural e tecnológica de uma era? Em alguns casos, a imaginação de um escritor serve como uma espécie de catalisador para novas tecnologias. Mas em outros casos, chega a ser difícil dizer se o autor tem, ou não, a ver com as eventuais invenções que surgem.
Abaixo você encontra algumas dessas previsões literárias da ficção científica, que acabaram virando parte da nossa realidade:
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✔ A bomba atômica em “The World Set Free” (HG Wells)

Wells escreveu:”Certamente parece que agora nada poderia ter sido mais óbvio para as pessoas do início do século XX do que a rapidez com que a guerra estava se tornando possível. E, certamente eles não perceberam. Eles não notaram até que as bombas atômicas estourassem em suas desastrosas mãos … “
Felizmente, ainda insistimos em criar bombas bem como as que ele descreveu que, quando lançadas, causam uma literal “explosão contínua de chamas.”
✔ A mídia digital em “2001: Uma Odisseia no Espaço” (Arthur C. Clarke)

Ele escreveu: “Um por um, ele iria evocar os principais jornais eletrônicos do mundo … Mudando a memória de curto prazo da unidade de exibição, ele mantinha a página da frente, enquanto rapidamente procurou as manchetes e observou os itens que lhe interessavam.”
✔ O Big Brother e a vigilância em massa em “1984” (George Orwell)

Escrito sobre uma sociedade distópica completamente dominada pelo Estado surgida quase 40 anos após a Segunda Guerra Mundial, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O’Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que “só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro”.
Algumas das ideias centrais do livro dão muito o que pensar até hoje, como a contraditória Novafala imposta pelo Partido para renomear as coisas, as instituições e o próprio mundo, manipulando ao infinito a realidade.
✔ Computadores inteligentes em “O Mestre de Moxon” (Ambrose Bierce)

O Jeopardy-winning da IBM foi previsto por Bierce, no conto onde descreve o super-computador Watson como um robô invencível no jogo xadrez.
Os famosos testes que levam um ser humano a desafiar suas habilidades contra um computador não foi praticado até que o autor escreveu “Computing Machinery and Intelligence”, em 1950.
Os seus contos e suas reviravoltas narrativas são, ainda hoje, uma referência para os estudiosos da Literatura em todo o mundo.
✔ Os fones de ouvido em “Fahrenheit 451” (Ray Bradbury)

Para quem não sabe, 451 graus Farenheit, ou 233 graus Celsius, é a temperatura de combustão do papel comum. Logo, dos livros. E os livros são os instrumentos que “incendeiam” as ideias. A sociedade de Farenheit 451, porém, é uma sociedade que preza a paz acima de tudo.
✔ Conversas por vídeo em “The Machine Stops” (E.M. Forster )

Forster descreve:
“Mas era totalmente 15 segundo antes da placa redonda que ela segurava em suas mãos começar a brilhar. Uma luz azul fraca disparou através dela, escurecendo para púrpura, e atualmente ela podia ver a imagem de seu filho, que morava do outro lado da terra. E ele podia vê-la.”
Como ainda não podemos desfrutar dessa obra em português, sugerimos a leitura de ‘Maurice’, escrito em 1913, mas só publicado em 1971, após a morte do autor e conforme o seu desejo. Apesar de não ser referente a tecnologias em si, esse livro antecipa alguns conflitos sociais modernos, envolvendo religião, classe social e opção sexual.
✔ A descoberta de duas luas de Marte em “As Viagens de Gulliver” (Jonathan Swift)

Esta conhecida sátira social de 1726 narra a viagem de um homem à diferentes mundos, sendo um deles ocupado por pequenos seres humanos, e outro habitado por gigantes.
Em uma das cenas de Gulliver em visita a ilha de Laputa, um mundo flutuante cheio de cientistas, os astrônomos do lugar observam que Marte possui duas luas em sua órbita. Mais de 150 anos depois, em 1877, de fato foi descoberto que o planeta vermelho ostenta exatamente duas luas.
✔ Os antidepressivos em “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley)

Em seu livro de 1931, além de prever o uso de pílulas para o aumento químico de humor, Huxley também deslumbrou a tecnologia reprodutiva, e os futuros problemas de superpopulação mundial.
✔ O ciberespaço em “Neuromancer” (William Gibson)

William Gibson criou a palavra ciberespaço em um conto de 1982, mas ela só ficou popular mesmo após a publicação dessa obra. Ele descreveu o ciberespaço como “uma representação gráfica de dados abstraídos dos bancos de todos os sistemas de computadores criado pelo homem”.
“Neuromancer ” não só foi o primeiro romance a ganhar a tríplice coroa de prêmios da ficção científica (o prêmio Hugo, o Prêmio Nebula, e o Prêmio Philip K. Dick), como também inspirou a série “Matrix”.
Infelizmente algumas das obras citadas na matéria nunca foram lançadas por aqui, por isso tiveram as suas indicações substituídas por outros livros do mesmo autor, no intuito de manter o contexto do trabalho de cada um.