Os livros favoritos das Tartarugas Ninjas
De todas as coisas estranhas que fizeram sucesso nas décadas de 80 e 90, nada é mais excêntrico do que um grupo formado por quatro irmãos répteis, com nomes inspirados em pintores renascentistas italianos e treinados por um rato gigante nas artes do ninjútsu para combater o crime.
É claro que estou falando das Tartarugas Mutantes Adolescentes Ninjas, ou simplesmente As Tartarugas Ninjas. E apesar de já terem sido explorados em todas as formas de mídias existentes e imagináveis (desenho animado, série de TV, filmes e HQ), parece que o quarteto de tartarugas ainda tem muita lenha pra queimar com um novo filme cheio de efeitos visuais anunciado para ser lançado em breve. Com esses heróis ressurgindo nas telas do cinema, achamos justo nos anteciparmos com o tema e imaginarmos quais seriam os livros favoritos dos tartarugas, levando em conta suas diferentes personalidades.
Leonardo
Com a bandana de cor azul e empunhando duas katanas afiadas, Leonardo é o líder do grupo e o discípulo mais disciplinado do Mestre Splinter. Seus livros favoritos seriam:
✔ O samurai-A vida de Miyamoto Mushasi, de William Scott Wilson

✔ Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas
O jovem d´Artagnan chega praticamente sem posses a Paris, mas, depois de alguns percalços, consegue se aproximar da guarda de elite do rei Luis XIII – os mosqueteiros. Nela conhece os inseparáveis Athos, Porthos e Aramis, que passarão a ser seus companheiros de aventuras. Juntos, os quatro enfrentam combates e perigos a serviço do rei e sobretudo da rainha, Ana da Áustria, tendo por inimigos principais o cardeal de Richelieu, a misteriosa Milady e o ousado duque de Buckingham.
Desde que apareceu como folhetim, em 1844, a história de Os Três Mosqueteiros já passou por mil e uma adaptações. Ao longo dos anos, as aventuras de Athos, Porthos, Aramis e d’Artagnan penetraram no imaginário coletivo da humanidade, fazendo esse romance de capa espada ganhar o status de verdadeiro mito cultural. Essa tradução – integral, ilustrada e anotada – permite que os leitores de hoje voltem a ter contato com o texto original de Alexandre Dumas.
Michelangelo
O cara brincalhão da máscara laranja que fala como um surfista e maneja um par de nunchakus. Mikey grita ‘Cowabanga’ toda vez que lê os seguintes livros:
✔ Deus o Abençoe Dr. Kevorkian, de Kurt Vonnegut

Perspicaz, sarcástico, engraçado e incisivo. O livro reúne 21 estranhas ‘entrevistas’ feitas pelo autor enquanto ele servia de ‘repórter do além’ para a WNYC, uma estação pública de rádio de Nova York. É um trabalho para o qual ele encenou uma série de experiências de proximidade com a morte – administradas pelo Dr. Jack Kevorkian, o patologista conhecida como Dr. Morte – para ficar mais familiarizado com o que ele chama de ‘os cento e poucos metros de terreno baldio entre o final do túnel e os Portões Dourados’ e entrevistar os mortos. O autor vai de personagens como o político Eugene V. Debs e o físico Isaac Newton ao assassino James Earl Ray e o ditador nazista Adolf Hitler, para não falar de seu próprio alter ego, Kilgore Trout.
✔ Agonia & Êxtase, de Irving Stone

Após vários anos de minuciosa pesquisa, muitos dos quais passados nos próprios ambientes onde viveu Miguel Ângelo, o autor traça, neste livro, um retrato de corpo inteiro do admirável escultor, pintor e arquiteto da Renascença, que viveu de 1475 a 1564, num dos períodos mais produtivos de toda a história da arte universal.
A obra de Miguel Ângelo e o desenvolvimento do seu estilo deram uma direção definitiva à arte da Renascença Italiana, alterando mesmo o estilo renascentista, para dar começo ao fastígio do Barroco. Foi Miguel Ângelo que mostrou a seus contemporâneos italianos a maneira de procurar a expressão e o movimento, como ele mesmo o fez nas suas gigantesca figuras humanas, apresentadas em variadas posições, às vezes dificílimas de reproduzir. Todavia, tão grande como o interesse de Miguel Ângelo pelo corpo, individualmente, era o seu dom inimitável de produzir composições monumentais e equilibradas, que lhe permitiam vencer os problemas decorrentes da magnitude das duas dimensões.
Raphael
O rebelde de máscara vermelha do grupo. Raphael tem a cabeça quente e é sarcástico, mas também ferozmente leal a sua família. Seus livros de cabeceira são:
✔ As Aventuras de Huckleberry Finn, de Mark Twain

Lançado em 1885 como sequência de As Aventuras de Tom Sawyer (1876), a história de Huck Finn, no entanto, ganhou autonomia: é unanimemente considerada a obra-prima de Mark Twain e mudou para sempre o imaginário dos Estados Unidos.
Para se livrar do pai bêbado e violento, Huckleberry Finn se refugia em uma pequena ilha do rio Mississippi, onde se alia com Jim, um escravo fugido. Em busca de liberdade, a inusitada dupla se lança numa viagem pelo leito do rio, às margens da sociedade pré-Guerra Civil.
Marco fundador da narrativa americana, As Aventuras de Huckleberry Finn registrou a fala comum da gente simples e inaugurou a tradição – central das artes americanas – do anti-herói jovem e espirituoso que, graças à condição de desajustado, goza de uma visão privilegiada do mundo. Muitas vezes alvo de polêmicas, Huck Finn não cessa de suscitar reflexões sobre o absurdo da humanidade.
✔ As Aventuras de Robin Hood, de Howard Pyle

Em todas as versões, Robin Hood figura como o chefe de um bando de homens fora-de-lei que, escondidos na floresta de Sherwood, promovem a justiça com as próprias mãos. Roubam dos ricos para dar aos pobres e tomam partido dos camponeses contra os abusos dos senhores. Robin também se coloca contra o clero, que naquela época se aliava aos nobres para oprimir o povo. Raphael se identifica com a causa nobre de Robin Hood.
Donatello
O gênio da máscara roxa armado com o bastão bo. Donatello é inventor, engenheiro, mecânico e cientista, do tipo que prefere usar mais o cérebro do que a força. Na sua estante podemos encontrar:
✔ Fahrenheit 451, de Ray Bradbury

Escrito após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1953, Fahrenheit, 451 de Ray Bradubury, revolucionou a literatura com um texto que condena não só a opressão anti-intelectual nazista, mas principalmente o cenário dos anos 1950, revelando sua apreensão numa sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra. Agora, o título de Bradbury, que morreu recentemente, em 6 de junho de 2012, ganhou nova edição pela Biblioteca Azul, selo de alta literatura e clássicos da Globo Livros, e atualização para a nova ortografia.
A singularidade da obra de Bradbury, se comparada a outras distopias, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, ou 1984, de George Orwell, é perceber uma forma muito mais sutil de totalitarismo, uma que não se liga somente aos regimes que tomaram conta da Europa em meados do século passado. Trata-se da “indústria cultural, a sociedade de consumo e seu corolário ético – a moral do senso comum”, segundo as palavras do jornalista Manuel da Costa Pinto, que assina o prefácio da obra. Graças a esta percepção, Fahrenheit 451 continua uma narrativa atual, alvo de estudos e reflexões constantes.
✔ A Revolução dos Bichos, de George Orwell

Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. Depois das profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell pode ser vista sem o viés ideológico reducionista.
Qual a sua Tartarua Ninja favorita, e qual livro você atribuiria a ele?!